"O azar não existe, Deus não joga dados." (Albert Einstein)
Uma pessoa muito próxima de mim acha que a sua vida foi sempre comandada pelo azar. Pensa naquela pessoa que foi sorteada por Deus e, ou, o diabo para ganhar o título e a taça de azarão. É assim que ela se sente.
É triste ver alguém justificar a sua vida mediocre com o azar, e pior quando se trata de alguém inteligente, com excelente formação acadêmica, que dificilmente se adquire num país como o Brasil, com aquele curriculo de fazer inveja a qualquer profissional em busca de valorização.
A verdade é que não importa a formação do individuo, se ele não entende o básico na dinâmica da vida. Ele tende a se trancar numa casca de noz, e ali atrofia a sua mente, não permitindo que nada entre, afugentando o conhecimento que a vida nos traz com as nossas próprias experiências. Este tipo de pessoa, cego e surdo às mensagens e ao diálogo da existência, está condenado à fatalidade dos fracassados, à solidão catacumbal e à derrocada de uma tragédia grega.
Se você, amigo leitor, que aqui deu uma parada neste espaço, tiver alguém próximo nesta situação, só lamento, porque eu sei o quanto é desesperador ver um amigo, familiar, enfim alguém de quem você gosta, e se preocupa, mergulhado num ostracismo voluntário, com expressão de profunda tristeza colada no rosto, repetindo teimosamente que o azar é a sua sina. Incapaz de erguer o olhar até para o espelho, um olhar minimamente analítico ao seu passado, às suas ações, a uma vida sem propósito, sem determinação, vivida ao acaso. Um olhar às pessoas que lhe estenderam a mão e imploraram para que ele as escutasse e ele apenas aceitou o auxílio financeiro, mas recusou a conversa, porque se achava mais sábio e incompreendido, um olhar também às pessoas que ele prejudicou com suas más escolhas, a todos enfim que fazem sacrifícios para sustentar a sua noz, não porque tenham as mesmas crenças estúpidas, mas porque entendem suas limitações e se solidalizaram com a sua prisão imaginária. Elas acompanharam os caminhos errados, escutaram pacientes os desabafos amargos, aguardaram esperançosos, que um dia os tropeços consecutivos na mesma pedra findassem, e desculparam e se mantiveram próximos, até quando eles mesmos foram apontados como culpados.
Passaram-se anos e a pessoa segue enclausurada na sua dor. Quanto aos demais, alguns perderam a paciência, e as estribeiras, gritaram no seu ouvido que o sofrimento e a luta não era privilégio de ninguém, outros seguem na esperança e na amargura, testemunhas silenciosas de uma vida desperdiçada. Tanto potencial intelectual, humano, que tinha tudo para brilhar, mas foi tragicamente engolido pelo abismo.
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