Postagem em destaque

"Style, é uma maneira de dizer quem você é, sem ter que falar." (Rachel Zoe) Se você for ligado no mundo fashion, certamente sabe ...

domingo, 31 de agosto de 2014

Hannah Arendt, o filme

Assisti “Hannah Arendt", de Margarethe von Trotta, e estou até agora pensando no filme que fala sobre um episódio marcante na vida da filósofa/escritora -, o julgamento, em Israel, do criminoso nazista, EIchmann, em 1961.

Hannah vai como representante da revista “The New Yorker” para fazer um diagnóstico do julgamento. O que ela vê é o que espectador vê, um homem medíocre na explanação de sua função de carrasco, como se discorresse sobre qualquer tarefa, um componente insignificante da máquina governamental, um pau mandado, que não refletia, não questionava, apenas obedecia. Hannah, uma judia sobrevivente do Holocausto, que partilhava a raiva e a revolta com o resto do público judeu presente ao julgamento, vê-se desarmada diante daquele depoimento desprovido de paixão, vindo de um homem comum, classificando-o como a “banalidade do mal". Dividindo seus sentimentos frustrados com o amigo, professor e, acredita-se, o verdadeiro amor de sua vida, percebe que seus sentimentos são solitários. Ela pergunta “Vc viu aquele homem?” Resposta: “Assustador, não? Um monstro!”. E é em cima de sentimentos e impressões individuais que Hannah escreve os artigos que geraram polêmicas e afastaram amigos pessoais.

O olhar de Arendt é Universal, e me parece que na época, pouca gente entendeu isto, já que as pessoas enxergam o que querem, o que alcançam na sua compreensão. O ponto é que sua teoria filosófica da banalidade do mal é visível em todo lado, mais gritantemente em situações extremas, como os guardas que desancaram manifestantes pelas ruas, obedecendo a ordens do alto. Pelo olhar de Arendt, eles são vítimas da máquina do poder, que transforma indivíduos comuns em monstros aos olhos da sociedade, e obriga outros a atitudes covardes para salvar a própria pele, como os judeus que colaboraram com os nazistas. Já sob o olhar dos judeus presentes ao julgamento, a condenação à morte do criminoso de guerra é uma resposta ao ódio, e a posição de Hannah, desconcertante e desconfortável para eles, era uma negação do sofrimento deles. Assim, atos extremos se refletem em sentimentos extremos e cíclicos: “Crucifica!” 
O mal pelo mal, para o mal. 


Hannah Arendt
Hannah Arendt Trailer Original

Dos artigos para a revista “The New Yorker”, resultou o livro.

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Este espaço é seu.
Opiniões serão bem vindas. Peço apenas que seja educado. Obrigada, volte sempre.